Está sendo realizada até o próximo dia 12, no Centro de Convenções de Pernambuco, em Olinda (PE), a XVI Feira Nacional de Negócios do Artesanato (Fenearte). A Feira, considerada a maior do segmento na América Latina, tem expectativa de movimentação financeira superior a R$ 40 milhões.
O desenvolvimento do mercado do artesanato no Nordeste foi uma preocupação da Sudene desde sua criação. O
I Plano Diretor de Desenvolvimento Econômico e Social do Nordeste - 1961 a 1963 já propunha a criação de uma sociedade de economia mista voltada a efetivar um programa de assistência técnica e financeira ao artesanato da região. O objetivo era possibilitar uma maior geração de renda para as famílias que viviam da atividade e fortalecer o mercado de produtos artesanais, por meio do apoio ao desenvolvimento das cooperativas locais, da divulgação dos produtos e do estímulo à formação e ao treinamento dos artesãos. A Artesanato do Nordeste S.A. (Artene), foi criada em 1962 durante a gestão de Celso Furtado, com um investimento inicial de 28 milhões de cruzeiros. Entre as atividades desenvolvidas, estavam estudos de mercado, organizações de centros de treinamento e aprendizagem e pesquisas em comunidades artesanais.
A subsidiária foi tema de matéria publicada pelo jornal carioca "Correio da Manhã" no Caderno Especial do Nordeste publicado na edição de 9 de junho de 1966. De acordo com o periódico, disponível na
Hemeroteca Digital Brasileira da Biblioteca Nacional, a procura crescente pelos artigos regionais forçou a Sudene a ampliar a Artene, criando mais cooperativas artesanais nos estados para poder aumentar a produção e atender a demanda de exportação dos países europeus. "Ao lado do problema de atendimento dos pedidos constantes que chegam ao Nordeste, a Artene luta também com o problema do desemprego nos sertões nordestinos, procurando atrair a mão-de-obra ociosa para atividades simples e rentável que é a de fabricar artigos regionais. Com isso, defrontam-se para a entidade, dois grandes objetivos: atenuar o problema do desemprego do Nordeste e atender à demanda de exportação", dizia o jornal. Os principais centros de produção assistidos pela Artene se localizavam em Marechal Deodoro (Alagoas), Maranguape,Cascavel e Guaiuba (Ceará), Salgado de Sao Félix, Serra Redonda e Juarez Távora (Paraíba), Natal, Macaíba e Caicó (Rio Grande do Norte) e São Lourenço (Pernambuco).
Em sua obra "Tempos de Grossura: o design no impasse", a arquiteta Lina Bo Bardi diz que a Artene "não era uma iniciativa romântica, mas era um frio plano de financiamento sem preocupações estéticas. Um plano intermediário que desapareceria com o desenvolvimento e a elevação das rendas. Na 'base' estava o levantamento das condições sócio-econômicas do povo nordestino rural e semi-rural dedicado ao artesanato', isto é, rendeiras, ceramistas, funileiros, marceneiros, tecelões, etc.". De acordo com Lina, "desaparecido o corpo de sociólogos, antropólogos e economistas que se dedicavam àquela ação e pesquisa, a Artene subsistiu no Recife como lojinha de lembranças para turistas."
Imagens: acervo iconográfico da Sudene