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68 anos de Chesf e a história da eletrificação do Nordeste
15 de Março de 2016
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Há 68 anos, no dia 15 de março de 1948, era constituída a Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (Chesf), e sua primeira assembleia geral de acionistas era realizada. A empresa foi criada três anos antes, por meio do Decreto-Lei nº 8.031 de 3 de outubro de 1945, assinado pelo presidente Getúlio Vargas.

Mas a história do aproveitamento da força das águas para a geração de energia no Nordeste começou na primeira década do século XX, com a criação de uma empresa de capital misto liderada pelo industrial Delmiro Gouveia. Seu primeiro passo foi adquirir terras localizadas às margens da cachoeira de Paulo Afonso, no lado alagoano do rio São Francisco. A empresa obteve do governo de Alagoas a concessão para utilizar o potencial hidrelétrico da cachoeira, bem como isenção para sua fábrica de linhas para costura. Em 1913, era inaugurada a Usina de Angiquinho, primeira usina hidrelétrica da região e, no ano seguinte, a fábrica têxtil Cia. Agro Fabril Mercantil, atual Fábrica da Pedra, na então chamada Vila da Pedra, atual município de Delmiro Gouveia.

A ideia de se construir uma usina hidrelétrica de grandes proporções na cachoeira de Paulo Afonso teve início no governo de Epitácio Pessoa, quando foi realizado o primeiro levantamento topográfico da região, em 1921. No entanto, somente na década de 1940 haveria o impulso necessário para a construção da usina hidrelétrica de Paulo Afonso. Em 1949, um ano após a constituição da Chesf, iniciava-se a construção da usina de Paulo Afonso I. A obra seria inaugurada em 1954, com duas linhas de transmissão, que levavam energia para Recife e Salvador.

A Chesf passou a fazer parte do Conselho Deliberativo da Sudene com a Lei nº 3.995, de 14 de dezembro de 1961, a mesma que aprovou o I Plano Diretor da autarquia. A entrada da companhia no Condel fez-se com o objetivo de ajuda mútua nos planos de eletrificação da região, de grande importância devido ao déficit energético pelo qual o Nordeste se encontrava. Os artigos 8º ao 19º, da lei citada, são dedicados à relação entre os dois órgãos. A primeira reunião do Condel na qual um representante da Chesf participou foi a 21ª reunião ordinária, no dia 07 de fevereiro de 1962, com a presença de Ivan Macedo Melo, então Diretor Comercial da companhia. No total, trinta e três autoridades diferentes representaram a empresa no Conselho, sendo dez presidentes.

De acordo com o I Plano Diretor de Desenvolvimento Econômico e Social do Nordeste (1961-1963), "no Nordeste, antes da criação da Chesf, predominavam as pequenas instalações termelétricas que, em decorrência do círculo vicioso - tarifa elevada e mercado consumidor reduzido - não se podiam beneficiar tampouco duma economia de escala. (...) Além de trazer benefício à região, a implantação da Chesf, também serviu para demonstrar que as regiões do Nordeste de maior densidade econômica, que são as servidas por essa empresa, estavam em condições de prover um mercado suficientemente forte para assegurar estabilidade econômico-financeira à nova empresa."

No entanto, a energia hidrelétrica ainda não atingia áreas significativas do território nordestino, especialmente o chamado Nordeste Ocidental (Maranhão e Piauí) e o oeste do Ceará, que continuavam dependente da cara e insuficiente energia termelétrica. O Plano de Eletrificação do Nordeste, elaborado em 1959 pelo Conselho de Desenvolvimento do Nordeste (Codeno), antecessor da Sudene, e pela Chesf, tinha como diretrizes a ampliação do sistema de geração e transmissão de energia, o apoio à instalação de indústrias eletro-intensivas e a promoção da eletrificação regional. Para cumprir esses objetivos, a Sudene implantou duas empresas de economia mista. No dia 5 de julho de 1962, era criada por meio da Resolução nº 517 do Conselho Deliberativo da Sudene a Companhia de Eletrificação Rural do Nordeste (Cerne). O objetivo da subsidiária era promover a execução de um programa de eletrificação em pequenas comunidades rurais nos estados do Maranhão, Piauí, Ceará e Bahia.

Um ano depois, a Resolução nº 738/1963 autorizava a criação da Companhia Hidrelétrica da Boa Esperança (Cohebe), responsável pela implementação da usina hidrelétrica de mesmo nome, no rio Parnaíba, no Piauí. De modo semelhante ao que aconteceu com Paulo Afonso na década de 1940, a construção de Boa Esperança sofreu grande oposição dos que consideravam que a demanda dos  estados do Nordeste Ocidental não justificava a implantação de um empreendimento desse vulto. No entanto, em 8 de outubro de 1964, a Resolução nº 999 autorizou o direcionamento de 1 bilhão de cruzeiros, previstos no II Plano Diretor do Desenvolvimento do Nordeste (1963-1965) para a construção da usina. Em 2 de dezembro de 1965, foi aprovado pela Resolução nº 1992 um empréstimo de US$ 8.900.000,00 da USAID (Agência para o Desenvolvimento Internacional dos Estados Unidos) para a continuidade das obras e a formação de quadros técnicos nos Estados Unidos e em Porto Rico. Em 1970, a usina entrou finalmente em operação, com capacidade de geração de energia de 108 MW.

Em 1973, a estrutura da Cerne nos estados foi absorvida pelas respectivas companhias estaduais de eletricidade: Cepisa (Piauí), Coelce (Ceará), Coelba (Bahia) e Cemar (Maranhão). Já a Cohebe e a Usina Hidrelétrica de Boa Esperança foram absorvidas pela Chesf.

Em 1991, a Chesf deixava de figurar como membro do Condel com a Lei Complementar nº 66, e passou a participar apenas como convidada, se os assuntos debatidos fossem de sua competência. Ao longo dos 30 anos em que compôs Conselho Deliberativo, a Chesf participou de um total de 378 reuniões, sendo 342 ordinárias e 36 extraordinárias, e teve 33 representantes, sendo dez presidentes da companhia, de acordo com a tabela abaixo:

Presidente

Mandato

Número de presenças nas reuniões

Apolônio Jorge Faria Sales

1962-1974

75

André Dias de Arruda Falcão Filho

1974-1978

29

Alberto Costa Guimarães

1978-1979

4

Luiz Carlos Menezes

1979-1983

25

Rubens Vaz da Costa

1983-1985

16

Antônio Ferreira Oliveira Britto

1985-1987

8

José Carlos Aleluia Costa

1987-1989

28

Genildo Nunes de Souza

1989-1990

6

Marcos José Lopes

1990-1993

5

Júlio Sérgio de Maya Pedrosa Moreira

1993-1997

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Clique aqui para ler o artigo "Energia elétrica no Nordeste Brasileiro: ds primeiras termelétricas às usinas fotovoltaicas e eólicas", de autoria do bolsista de Ciência Política Pedro Gomes Maranhão de Araújo.